Cristiano, the author of Casagrande blog and the guy behind the Brazilians Twitter account, wrote this about his encounter with a logger in Rio Grande do Sul.
Ainda tem muito mato, leva uns 50, 60 anos para a Amazônia acabar
Hoje pela manhã fui ao centro da cidade onde moro, no Rio Grande do Sul, e enquanto aguardava para ser atendido acompanhei uma conversa que me chamou a atenção.
Um rapaz, aparentando 20 anos de idade, contava como era o seu dia-a-dia na Amazônia. Pelo sotaque deduzi que era daqui mesmo. Gaúcho na Amazônia não é difícil de descobrir a profissão. A maioria são militares, criadores de gado ou madeireiros.
Não me contive e peguntei:
- Você é militar?
- Não, trabalho em uma madeireira.
- Madeira certificada? - questionei não acreditando no que havia acabado de perguntar.
- Sim - respondeu desviando o olhar.
- Porque o IBAMA certifica a madeira legal na Amazônia, certo? - continuei
- Ninguém trabalha certinho na Amazônia - interrompeu ele - quando os fiscais do IBAMA chegam todos os madeireiros param até eles irem embora.
- E para onde vai a madeira de vocês? - quis saber, curioso.
- Exportação. A 1ª linha para Europa, 2ª linha para os Estados Unidos.
- Não fica nada no Brasil? - continuei, surpreso.
- Só a madeira com muita imperfeição, que não tem como tirar os nódulos.
- Entendi. - concluí, percebendo que ele não estava disposto a continuar a entrevista.
Continuei acompanhando a conversa do rapaz com outra pessoa, com quem não tinha constrangimento em falar sobre o assunto.
"As notícias nos jornais são exageradas. O povo acha que o IBAMA está sempre lá fazendo apreensões e multando. Tem madeireiros que tem milhões em multa, mas a vida deles é essa, não vão pagar essas multas nunca."
"Falam que a Amazônia vai terminar. Ainda tem muito mato, leva uns 50, 60 anos para a Amazônia acabar."
A conversa era interessante nesta história onde pistoleiros e madeireiros eram os personagens principais enquanto governo e polícia eram coadjuvantes e eventuais.
Neste momento, precisei sair. Despedi-me de todos, olhei para ele e vi que desviou o olhar. Estava claro que não tinha constragimento para falar sobre isso com os demais, mas parecia saber que não podia confiar em mim.
See original post for photos of logging in the Amazon.
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